25 de fev. de 2013

Ela quer falar sobre sexo!!

    De onde eu vim? Por que o meu é diferente do seu? Essas e mais dezenas de perguntas sobre sexo muitas vezes deixam os pais de cabelos em pé, é um assunto que em muitas famílias ainda é tabu ou algo muito difícil para conversar. Mas o que muitos não sabem é que a sexualidade está no ser humano desde o seu nascimento, quando ele ainda é um bebê!
    O primeiro a falar sobre o assunto foi Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Até hoje os conceitos formam uma base para este assunto, mas também foram incrementados por outras linhas de pensamento. Para Freud, a sexualidade infantil
passa por quatro fases:
- Oral: dos primeiros meses até aproximadamente 2 anos o prazer da criança se encontra na boca (mama no seio, coloca o pé e objetos na boca, come papinha, etc). A boca é a forma de comunicação com o meio externo.
- Anal: aproximadamente entre 2 e 3 anos, quando começam a ter controle dos esfincteres e a deixar as fraldas; orgulham-se do que seu corpo produz, conseguem atenção de muitos.
- Fálica: por volta dos 4 anos a criança começa a descobrir e a explorar seus órgãos sexuais, percebe as diferenças anatômicas; nessa fase a masturbação e brincadeiras sexuais com outras crianças são comuns.
- Latência: a partir dos 7 anos a sexualidade fica latente, em segundo plano, e a curiosidade e energia se voltam para atividades sociais e escolares.
- Genital: em torno dos 11 anos a curiosidade sexual ressurge, porém, voltada às relações com o outro e não mais a só masturbação ou conhecimento de seu próprio corpo; esse período coincide com o início da adolescência.

    Percebe-se que a sexualidade faz parte do ser humano desde sua vinda ao mundo e ela deve ser encarada como mais um processo de desenvolvimento e amadurecimento. O que acontece muito, principalmente nos dias de hoje, é a erotização desta sexualidade infantil e acredito que aí está o problema. Muitos estímulos visuais, roupas, músicas, entre outros acabam distorcendo este fator natural da criança, que acaba pulando as fases de acordo com seu desenvolvimento emocional. A criança salta para a fase genital antes de apresentar condições emocionais, biológicas e maturidade, distorcendo a capacidade de sentir, integrar ou relacionar, o que pode despertar alto nível de ansiedade. O que pode acontecer também é que, por conta dos mesmos estímulos, pais acabam por se confundirem com o que é natural e o que é não é e começam a encarar as reações e curiosidades infantis dentro de um parâmetro adulto.

    O que fazer então?
    Em primeiro lugar, é preciso dar espaço para que as questões e curiosidades sejam colocadas e respondê-las de maneira simples, de acordo com o que a criança perguntou e com a capacidade cognitiva e emocional dela. Não adianta explicar com termos científicos de onde viemos para uma criança de 4 anos! Tanto o excesso, quanto a não satisfação de informações ocasiona tensão e ansiedade.
    Pais não precisam saber de tudo! Caso você não se sinta a vontade de explicar algo ou realmente não sabe a resposta, se proponha a pesquisar ou sugira de procurarem juntos em algum livro ou site confiável. Mas não deixe de responder a criança, muito menos finja que esqueceu, pois ela está esperando a informação de você. Se a curiosidade permanece, ela pode procurar respostas com outras pessoas ou em lugares que podem não ser tão adequada quanto a sua.

    Ao responder a criança, observem suas atitudes, tom de voz, segurança nas informações, sentimentos e vontades durante a explicação. Todos esses aspectos são percebidos pela criança como forma de informação.

    Algumas situações:
- Masturbação: o prazer em manipular os órgão sexuais é uma das primeiras descobertas sobre o corpo. Caso você encontre o pequeno nesta situação, haja com naturalidade, não repreenda ou faça alarde. Você pode deixá-lo naquele momento particular por um tempo ou chamar a atenção dele para outra brincadeira, mas sem tocar no assunto. Caso ele esteja em local público, explique que só podemos fazer isso em casa, em um lugar mais reservado e não na frente dos outros.

- Beijo na boca: se sua filha beija na boca o amigo da escola e o chama de namorado, pode ter certeza, ela aprendeu ou viu este comportamento em algum lugar. Aqui também não há necessidade de alarde, diga a ela que beijo é muito gostoso mesmo, e quando ela for adulta ela poderá beijar o namorado, assim como o papai e a mamãe fazem. Por enquanto ela pode brincar com o amiguinho que gosta, mas não precisa beijar na boca. Atente apenas ao fato de a criança não estar sendo forçada a alguma coisa ou tenha uma diferença muito grande de idade entre ela e o(a) amiguinho(a).

- Exibir os genitais: em um almoço de família o pequeno resolve fazer uma entrada triunfal na sala sem roupa alguma, na frente de todos. O exibicionismo faz parte da exploração do corpo e é como se fosse um brinquedo novo que ele deve mostrar que descobriu! As regras de convivência, os códigos sociais também devem ser ensinados pelos pais, cabe a vocês dizerem que ali não é o momento e o lugar para fazer isso, também sem fazer alarde ou repreender. Ex: "Você é lindo, mas aqui está todo mundo de roupa e não é lugar para ficar peladinho. Vamos lá colocar as suas roupas." 

    Muitos podem se perguntar se essas informações realmente são necessárias, se a educação sexual fazem parte da educação oferecida pelos pais. Pois saibam que pesquisas foram feitas e mostraram que crianças esclarecidas tendem a ser mais responsáveis e a adiar o início da vida sexual. Além disso, conversas sobre esses assuntos aumentam a intimidade e afetividade entre pais e filhos.

    "Acreditem, ninguém melhor e mais capacitado para essa aprendizagem do que os próprios pais."









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